sexta-feira, 20 de abril de 2012

A arte de ninguém enxergar ninguém ou que sorte a minha: tem uma árvore da minha flor favorita no caminho do meu trabalho.


    Sempre  acabo me encontrando nessa questão sobre o que queremos ver, como queremos enxergar.
  As pessoas não têm mais tempo para as pessoas, para ouvir um lamento ou decifrar uma frase, ler as entrelinhas. Tem que falar na cara, ser direto, correr o risco de ser taxado de grosseiro. Mas não há coerência. “Seja educado comigo e serei educado com você” – Ninguém quer compreender que o outro pode estar em um mau dia. “Se eu estou de mau humor não desconto em ninguém”. Será mesmo? Exigimos tanta compreensão, mas sabemos compreender?
  As pessoas não se interessam mais pelo simples, pelo cotidiano. A busca é pelo grandioso, o praticamente inalcançável. Não se enxerga mais a beleza do dia-a-dia e as gentilezas do universo.
  Às vezes recebemos flores e nem nos damos conta que são flores do nosso próprio jardim.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Lugar


  A beleza está no caminho e a maioria não vê. Na ânsia de querer chegar, não vê que ao caminhar já está vivendo o lugar, já participa dele, o compõe. Não vê que se não for o caminho, o lugar não existe, não faz sentido.
  Quando nos conscientizamos de que o caminho faz parte do lugar, a caminhada torna-se leve, compreensível e natural. O excesso e a obsessão na busca de um objetivo e de um resultado faz com que os aprendizados sejam perdidos ou não aproveitados, e quando isso se perde, o resultado fica mais e mais distante. Ou então, chega-se ao resultado ilusório e não se encontra a razão dele: a caminhada foi em vão.
  Nada mais dolorido que a sensação de fracasso, de decepção... Ainda assim, erra-se várias vezes, por incontáveis motivos, por imediatismo, auto-sabotagem, medo... Perdemos o resultado, o caminho e o lugar que nos mantêm em pé.
  Não é a fixação no resultado que nos matem no caminho certo, é o aproveitamento da caminhada. Seguir ignorando tudo até o fim nos desvia da essência do que desejamos porque assim não ficaremos aptos para as conquistas. O sonho de encontrar a realização morre diante dos olhos.
  Receber os acontecimentos e aproveitá-los. Só assim saberemos o que fazer quando chegarmos a algum lugar, e este lugar, importante lembrar, é apenas o caminho para um novo sonhar. Seguimos assim.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Para Mim


Existe solidão maior que a minha
Que me perdi de mim?
Que não sei o que perdi?
Existe solidão maior que não se encontrar,
Que não saber ao certo o que procurar?

Toda uma vida abraçada a um lugar, a um pedaço de algo irreal.
Então o irreal era eu?
Então será que nunca fui?

Será então que ainda irei vir a ser?
E então o que fui e o que sou irão se tornar no sonho que tive do que seria eu...
Assim, passarei a existir. Para dentro, para fora, para mim.