
Percebo que a raíz da minha dor, da minha angústia existencial é a forte dualidade presente em mim. Tudo o que posso, tudo o que quero, tudo o que é melhor pra mim.
Minha essência sempre foi pé no chão, simplicidade, tentativa de ter a sabedoria de reconhecer o que é realmente necessário, silêncio, dias de contemplação. A maturidade me ensinou que para viver esta essência meu caminho teria que ser primeiramente outro.
Tirei os pés da terra. Adquiri as necessidades convencionais e conquistei minha liberdade dentro desse sistema. Me organizo nesta realidade para alcançar meus sonhos essenciais. Coloco o uniforme ordinário, comum e sigo em uníssono para assim, enfim, poder pisar na terra novamente e sorrir ao ter a oportunidade de presenciar o pôr do sol.
E nesta luta me dei conta de que posso ser o que quiser, que dou conta de qualquer realidade.
Eu sou solitária e agora confesso que as ilusões de relacionamentos e seus desdobramentos me fascinam. Eu sou silêncio, mas me divirto com a possibilidade de dançar a noite toda. Eu sou simplicidade e consigo entender a sede de grandiosidade. Eu sou livre para escolher porque sou responsável pelas minhas escolhas. Elas não dependem de nada externo a mim, nada que venha de outras pessoas. Nada que não seja fruto do meu próprio esforço.
Hoje eu sou assim. Amanhã eu posso ser o que quiser.
Primeiro faço parte...Flor incrustada no concreto. Depois assumo minha essência...Vento.